Uma espécie de esperança
As teses, a cargo de especialistas legitimados pelas televisões, são abundantes e um tanto contraditórias. Resumindo, para uns os eleitores do Chega são fascistas e racistas que votavam no PS e no PCP e decerto não eram fascistas e racistas então. Para outros, os eleitores do Chega são fascistas e racistas que vêm do PSD, onde eram um bocadinho fascistas e racistas e tinham vergonha de o assumir. Outros ainda reparam no pormenor de que o Chega é pelos vistos o partido mais votado entre os indivíduos dos 18 aos 35 anos, ou seja, que os eleitores do Chega são em boa parte fascistas e racistas jovens sem grande currículo eleitoral anterior, e que afinal a “geração mais bem informada de sempre” é manipulável pelo TikTok e traquitanas afins.
Metade dos especialistas confessa-se preocupadíssima com a situação. A metade que sobra, embora igualmente aflita, apresenta soluções, de três tipos diferentes e consequências idênticas. A primeira solução consiste em concluir que o povo é, além de fascista e racista, cretino, logo deve ser idealmente impedido de votar ou no mínimo enxovalhado até desistir de o fazer. A segunda solução consiste em decretar a proibição sumária do Chega, método que devolveria os fascistas e racistas aos partidos democráticos (os da esquerda) e aos partidos parcialmente fascistas e racistas (os da “direita” que é democrática quando convém aos especialistas).
A terceira solução apresentada pelos........
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