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Missão Impossível: ver séries no streaming

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20.04.2025

Aqui há uns dias passei por um local onde antigamente existia um videoclube e isso levou-me a uma reflexão.

Ainda se lembram dos videoclubes? Aqueles espaços físicos, cheios de prateleiras e capas plastificadas, onde bastava entrar, olhar em volta e escolher o filme para a noite? Eram outros tempos, tempos em que se não rebobinássemos a cassete pagávamos uma multa, algo impensável nos dias de hoje. Havia alguma coisa de tangível, quase como um ritual, que consistia em sair de lá com uma cassete VHS ou DVD. Paradoxalmente, numa era onde hoje tudo é digital e supostamente à distância de um clique, encontrar uma série ou filme tornou-se uma tarefa árdua.

É curioso – e frustrante – perceber como encontrar uma série ou um filme específico se tornou uma tarefa cada vez mais difícil. Aquilo que parecia ser o auge da comodidade, com o surgimento dos serviços de streaming, revelou-se um labirinto digital onde a abundância de plataformas criou um novo tipo de escassez: a da acessibilidade. Nos últimos anos acompanhámos o crescimento explosivo das plataformas de streaming — Netflix, Disney , Amazon Prime Video, Sky Showtime, Max, Apple TV , entre tantas outras — seria lógico pensar que teríamos um mundo do entretenimento nos nossos bolsos. Mas a realidade não podia ser mais frustrante. A simples missão de ver uma série específica transforma-se num jogo de adivinhação. “Onde está disponível?”, “Ainda está disponível?” ou “Teremos de assinar mais uma plataforma só para ver uma temporada?”.

O mais irritante ainda é a prática recorrente de remoção de conteúdos sem qualquer aviso prévio. Séries e filmes desaparecem de um dia para o outro, como se nunca tivessem existido. Começamos a assistir uma série, recomendamos a alguém, e dias depois, desapareceu. Sem alternativa legal para vê-la, e sem sequer a possibilidade de comprar uma cópia. Isso seria simples, não fosse o facto de que os media físicos estarem praticamente extintos — não por desinteresse do público, mas por decisão da própria indústria.

Durante décadas, existia a possibilidade de comprar um CD de música, ou um DVD, o que transmitia um sinónimo de posse. Aquela cópia era sua. Hoje, os mesmos........

© Observador