Patriotismo de Papel
É com uma solenidade ensaiada, quase burocrática, que se assinala hoje o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas. No entanto, paira uma ironia desconfortável no ar ; Luís de Camões, se por milagre regressasse a esta terra que tanto exaltou, não reconheceria no seu povo o mesmo fôlego heróico que descreveu n’Os Lusíadas. Talvez ficasse pasmado, não com os feitos, mas com a falta deles. Portugal, esse país outrora navegante e audaz, parece hoje à deriva num mar de amnésia e indiferença.
Celebramos Camões, mas esquecemos o que ele simboliza. O poeta cantou a coragem, a ousadia e o engenho de um povo que rasgou horizontes. Hoje, rasgamos páginas da nossa História, escondendo-as por vergonha ou desconforto. Numa sociedade cada........
© Observador
