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Aprender a vencer, no país do futebol

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Sim. Quando perdemos, vale a pena lembrar que é só futebol; quando ganhamos, também. Antes, durante e depois, incomoda-nos o que passa por proximidade excessiva dos representantes políticos do país com os que, por praticarem uma modalidade desportiva, vestem uma camisola que representa, simbolicamente, esse país. É só futebol, dizemos então, outra vez – que fazem o Presidente da República e o primeiro-ministro em flash interviews, antes e depois, a darem a suposta táctica para o jogo, a comentarem as incidências no final, de cachecol de adepto ao pescoço, a torcerem na bancada como outros espectadores quaisquer, enfiados no balneário no fim do jogo, com jogadores e equipa técnica? Se até aqui há bem pouco tempo o que era comum era ver os titulares de altos cargos públicos guardarem prudente e higiénica distância das incidências da bola, tão atreitas a desvarios sentimentais, onde se passa de besta a bestial antes que uma pessoa tenha tempo de ler a primeira página do orçamento de Estado, quanto mais de fazer uma reforma?

Não são só os tempos que mudaram e os políticos que passaram a querer ser percepcionados como cidadãos comuns, próximos dos interesses do contribuinte sofredor, em vez de uns privilegiados isolados num Olimpo sem comunicação com o mundo real. Não é apenas política-espectáculo para uma civilização de muitos ecrãs e poucos dossiers. É porque o futebol deixou de sujar; o futebol, no nosso caso, português, passou a prestigiar. O futebol já não é bem “só” o futebol; o futebol tornou-se melhor do que o país.

Sim, é estranho – e certamente um pouco........

© Observador