Uma nação nomofóbica: brasileiros passam mais de 9 horas por dia online
Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"
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Tive um pesadelo no domingo de Carnaval. Um professor se separou da esposa e veio morar comigo. Minutos depois que ele chegou de mala e cuia, a esposa tocou a campainha. Assim que abri a porta, ela chorou. Também chorei e pedi perdão: "Pode ficar com ele". Disse para o meu amante: "Eu não sou competitiva. Ela já ganhou, eu já perdi". Saí de casa sem levar documentos, roupas, chaves e dinheiro. Só levei o celular. Tentei ligar para minha mãe, mas não consegui enxergar os números do aparelho. Tentei pedir ajuda para minhas amigas do Instagram. Estava bloqueada.
Acordei e anotei: "Pode ficar com ele. Eu não sou competitiva. Ela já ganhou, eu já perdi. Estou bloqueada".
Lembrei-me de que, na época da faculdade, uma amiga confessou que estava apaixonada pelo meu primeiro namorado. Eu disse: "Pode ficar com ele". Eles casaram, tiveram dois filhos e três netos. Há alguns anos, uma professora me pediu para orientar um aluno brilhante que havia me escolhido como orientadora. "Pode ficar com ele", respondi. Mas o mestrando preferiu a minha orientação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2018, reconheceu a dependência digital como um transtorno mental. De........
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