Se homens engravidassem, o aborto seria um chiclete sabor morango
O recente voto do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal, a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, trouxe à tona uma ferida antiga do Brasil: a moral seletiva que recai sobre o corpo das mulheres.
Homens, que jamais vão engravidar, sentir enjoo, parir ou enfrentar o medo de uma gestação indesejada, seguem opinando com autoridade sobre um processo biológico e social que não lhes pertence.
Se homens engravidassem, o aborto seria um chiclete sabor morango, vendido em qualquer esquina, com selo de aprovação familiar.
A criminalização, afinal, nunca foi sobre “defender a vida”.
Foi, e ainda é, sobre controlar a vida das mulheres.
Enquanto o Estado quer prender mulheres por interromper uma gestação, milhões de homens seguem abandonando filhos nascidos, os abortos de crianças vivas, que ninguém quer discutir.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 5,5 milhões de crianças brasileiras não têm o nome do pai na certidão de nascimento.
Outras milhões convivem com pais que não pagam pensão, não participam da criação, não comparecem às escolas, não sustentam emocional nem financeiramente seus filhos.
Esses........
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