Contra-ataque do patriarcado: querem destruir o protocolo de julgamento com perspectiva de gênero
"O ressentimento não é uma crise passageira. É a estratégia de manutenção do poder
Toda conquista das mulheres é seguida por uma reação. O patriarcado nunca aceitou perder espaço sem luta, e essa luta se manifesta de forma insidiosa: na desinformação, no silenciamento, na sabotagem institucional e no descrédito de nossas pautas. Estamos vivendo uma nova fase do backlash, o termo cunhado por Susan Faludi para explicar a contraofensiva misógina que se arma sempre que o feminismo avança.
A mais recente expressão desse movimento é a tentativa de revogação do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, instituído pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O protocolo é, na prática, um manual que orienta juízes e juízas a julgarem casos de forma a considerar as desigualdades históricas entre homens e mulheres. Ele não obriga nenhum magistrado a decidir de determinada maneira, mas sim a enxergar o contexto de gênero presente nos processos: por exemplo, compreender por que uma mulher vítima de violência pode demorar a denunciar; por que a dependência econômica pode impedir o rompimento de um ciclo abusivo; ou como o assédio moral afeta de forma distinta homens e mulheres no ambiente de trabalho.
Adotar a perspectiva de gênero significa tirar a venda da Justiça para enxergar que nem todos partem do mesmo lugar. E é........
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