A última lição de Francisco
Não vale a pena esconder. Desde 2013, muitas vozes criticaram o Papa Francisco. Puseram em causa a sua legitimidade e ortodoxia. Acusaram-no de ser um desastre geopolítico e diplomático. De ser, unicamente, um boneco dos média. Na semana passada, aliás, certo comentador disse dele que havia “sido um homem bom”, mas que não tinha “mudado nada na Igreja”. Cheguei a pensar que se tratava de um elogio, no meio das classificações revolucionárias com que se descrevia o seu pontificado, mas não era.
As árvores conhecem-se pelos frutos, diz o velho adágio evangélico. E no passado sábado percebemos que Bergoglio não era apenas “um homem bom” ou bem-intencionado. Como chefe de estado, foi reconhecido pelos seus pares. Como crente, foi reconhecido pelos seus irmãos católicos e não católicos. Depois das exéquias é redutor dizer que Francisco foi o Papa do Povo ou o Papa favorito dos não crentes. Tê-lo-á sido certamente, mas não o foi em detrimento dos restantes. É verdade, não sei se o Papa mudou alguma coisa na Igreja. Ainda assim, se o certo comentador quis afirmar que estes 12 anos foram apenas cosmética, tenho a ousadia de lhe dizer que está errado. Bastaria circular mais pelas igrejas, conhecer a sua diversidade, falar com as comunidades, ouvir os pronunciamentos dos Bispos. Mas não lhe peço esse esforço. Limito-me a dar........
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