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 Bento XVI e os paradoxos da Páscoa

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20.04.2025

Na madrugada do primeiro dia da semana, algumas mulheres foram ao sepulcro onde Cristo tinha sido depositado. No entanto, “não encontraram o corpo do Senhor Jesus. Estando elas perplexas com isto, eis que se lhes apresentaram dois homens em vestes resplandecentes. Elas ficaram cheias de medo e inclinaram o rosto para a terra. Eles disseram-lhes: ‘Porque procurais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui; ressuscitou! Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia, dizendo: É necessário que o Filho do Homem seja entregue às mãos dos pecadores, seja crucificado e ressuscite ao terceiro dia’.” (Lc 24, 3-7).

Não foi por acaso que a paixão, morte e ressurreição de Jesus aconteceram por ocasião da Páscoa judaica. Nesta festa, os judeus evocavam a sua saída do Egipto e a milagrosa ‘passagem’ pelo Mar Vermelho, a caminho da terra prometida a que, no entanto, só chegariam depois de quarenta anos, tantos quantos os dias da Quaresma. O próprio Cristo celebrou, antecipadamente, a Páscoa judaica com os seus discípulos, seguindo depois para o Monte das Oliveiras, onde foi traído por Judas Iscariotes e teve início a sua paixão.

A coincidência entre as duas Páscoas, a judia e a cristã, explica-se porque ambas são passagem: a primeira, da terra da escravidão para a terra prometida; e a segunda, da vida terrena para a vida eterna. Por este motivo, os anjos que interpelam as mulheres que vão ao sepulcro, na manhã do primeiro dia da semana, perguntam-lhes: “Porque procurais entre os mortos Aquele que está vivo?” (Lc 24, 5).

A propósito da vida eterna, Bento XVI referiu um paradoxo muito comum: “Hoje, muitas pessoas rejeitam a fé, talvez simplesmente porque a vida eterna não lhes parece uma coisa desejável. Não querem de modo algum a vida eterna, mas a presente; antes, a fé na vida eterna parece, para tal fim, um obstáculo. Continuar a viver eternamente – sem fim – parece mais uma condenação do que um dom. Certamente, a morte querer-se-ia adiá-la o mais possível. Mas viver sempre, sem um termo, acabaria........

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