A nova encruzilhada da Europa: desafios e soluções
“A paz mundial não pode ser salvaguardada sem esforços criativos proporcionais aos perigos que a ameaçam.”
Robert Schuman
No dia 8 de maio de 1945, o Alto Comando da Wehrmacht assinou a capitulação incondicional do Terceiro Reich ante as forças aliadas. Foi o fim da Segunda Guerra Mundial, cinco anos e 80 milhões de vidas tiradas após seu início.
Neste 8 de maio de 2025 passaram 80 anos desde esse dia. Apenas 80 anos. Uma vida. Nessa vida, a Europa reergueu-se, uniu-se, democratizou-se, descolonizou-se, desenvolveu-se. Fê-lo através da força, humildade, coragem e visão de alguns homens e mulheres: Churchill, Schuman, Monnet, Adenauer, Kohl, Lindh, Mitterrand. Líderes que, contra as probabilidades, ergueram um continente destruído sobre os pilares da liberdade, democracia, dignidade humana, solidariedade e Estado de Direito.
Entretanto, passaram 80 anos. Adensam-se diferenças e fronteiras. Aumentam-se os arsenais militares. Desvalorizam-se as organizações de cooperação internacional. Intensifica-se a guerra económica. Escalam-se ameaças. Disputa-se o acesso a fontes energéticas e matérias primas essenciais. Velhos inimigos regressam. Novos desafios espreitam. Mas serão os mesmos valores e a mesma determinação de há oito décadas que permitirão enfrentar estas ameaças.
Os inimigos de hoje são as autocracias que desafiam a ordem internacional e os valores que definem a Europa. Os desafios, no entanto, não são apenas externos, mas também internos. A Europa enfrenta quatro grandes desafios que determinarão o seu futuro: o novo panorama geopolítico, a demografia, a estagnação da inovação e a sustentabilidade energética e ambiental.
A ordem global desenhada após 1945 foi abalada. A invasão russa da Ucrânia foi o maior choque geopolítico no continente desde a queda do Muro de Berlim. Mas a Europa não pode reduzir a sua visão apenas ao Leste. O Indo-Pacífico tornou-se no epicentro da disputa entre China e EUA. O Sul Global, da África à América Latina, procura novos equilíbrios de poder, muitas vezes alinhando-se com potências autocráticas.
Acresce um novo fator de instabilidade: a mudança de rumo dos EUA após a eleição de........
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