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Profissão de pessimismo

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21.05.2025

Tenho uma profunda simpatia por Pedro Passos Coelho, pelo trabalho que fez e pelas opiniões que expende, nomeadamente quando confessa o «desejo profundo que, nestes anos que temos pela frente, o PSD possa fazer pleno jus à sua tradição reformista em Portugal», e que as reformas sejam feitas «quer ao nível da segurança e da defesa, quer ao nível económico e político».

Foi com profunda simpatia que constatei a completa falta de vontade reformista de Luís Montenegro ao longo de todo o seu primeiro mandato, sobretudo por ela ter por fundamento um pormenor muito prático: não tinha votos para fazer reformas sózinho, nem com quem somar votos para fazê-las.

Em vez de reformar, Montenegro tratou de reforçar-se. Tratou de sossegar os pensionistas, porque não é possível ser-se eleito contra os 3.552.710 de pensionistas – os 2.938.814 da Segurança Social, mais os 613.896 da Caixa Geral de Aposentações – e respectivas famílias. Aumentou os funcionários públicos e falou-lhes com voz doce e incentivadora, porque é difícil ser-se eleito contra os 758 889 funcionários públicos e respectivas famílias. E, sem chegar a apagar fogos, aspergiu suficiente água sobre problemas mais acesos na educação, na saúde, na habitação, nas infraestruturas, no fisco e na segurança pública.

E resultou. A inabilidade de Pedro Nuno Santos & Séquito, aliada ao enviesamento dos media, deram na altura adequada a Montenegro o pretexto para eleições intercalares em boa altura. A AD aproveitou e obteve maior maioria com 32,7% e 89 deputados.

Conclui Montenegro: «[Os portugueses] querem este governo e não querem nenhum outro». E promete estabilidade, governando sozinho, porque o PS não existe de momento, e porque considerou, ainda na noite de dia 18, que o cenário de acordos com o Chega é «não credível» e possível meramente «do ponto de vista aritmético».

É, portanto, com enorme antipatia que reconheço no PSD de Montenegro a completa falta de vontade reformista – de que foi claro sintoma o nojo com que reagiu à ideia de uma revisão constitucional para varrer do texto o........

© Observador