A perda de controlo
Há um conceito que está latente em quase todas as análises, no subtexto de muitos artigos, e em muitas conversas nos meios da elite de Lisboa por estes dias: a perda de controlo. Nunca é abordado directamente, claro, mas é possível ouvir o desespero e, em muitos casos, a total incompreensão perante o que está a acontecer. Pela primeira vez desde o PREC, a elite dominante percebeu que perdeu completamente o controlo à situação e se, desta vez, apesar de tudo, foi possível mitigar os danos, com um governo liderado por Montenegro com o apoio tácito de um PS muito fragilizado, nada garante que da próxima vez não seja diferente. Os receios de que Ventura chegue ao poder são agora reais. Em todo o lado pergunta-se: Como chegámos aqui? Como e quando é que perdemos o controlo da situação e da narrativa? Quando é que aquilo que o Expresso e os seus escribas PMIs (pequenos e médio intelectuais) escrevem em letra de forma deixou de ser a verdade revelada em Portugal?
Há uma parte de mim que, apesar de ser abertamente hostil ao Chega, às suas posições e ao seu estilo de fazer política, está genuinamente feliz pela perda de controlo por parte de uma elite rentista,........
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