menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O colapso silencioso da representação sindical

8 14
yesterday

Representação sem representados: Portugal atravessa uma crise silenciosa de representação laboral. Os sindicatos, cuja missão deveria ser a defesa estruturada dos interesses dos trabalhadores, encontram-se hoje afastados do centro das relações laborais, marginalizados nas negociações relevantes e deslegitimados junto da base que supostamente representam. Esta erosão não resulta de uma menor necessidade de proteção coletiva, mas da perceção crescente de que os sindicatos deixaram de responder aos problemas concretos da maioria dos trabalhadores.

A taxa de sindicalização ronda atualmente os 10 %, com tendência de queda continuada desde os anos 1990. As causas não residem apenas na precarização ou na individualização das relações laborais. O desinteresse dos trabalhadores decorre, em larga medida, da degradação do próprio sindicalismo, capturado por agendas partidárias, cristalizado em modelos hierárquicos e incapaz de se adaptar à complexidade do mercado de trabalho contemporâneo.

A colonização político-partidária: A simbiose entre estruturas sindicais e partidos políticos é um dos fatores mais persistentes de descredibilização. A CGTP-IN mantém uma ligação orgânica ao PCP. A UGT foi concebida no espaço político do PS. Em ambos os casos, as direções sindicais integram frequentemente quadros partidários ou detentores de cargos políticos. Esta promiscuidade funcional compromete a autonomia das organizações, reduz a pluralidade da intermediação e transmite aos trabalhadores a ideia de que a filiação sindical é, antes de mais, um ato político-partidário.

Este modelo revela-se particularmente disfuncional quando confrontado com o perfil atual da população ativa, cada vez mais heterogénea, despartidarizada e avessa à politização da........

© Observador