Os silêncios e as cumplicidades do audiovisual
Quando ligamos a televisão, deixamo-nos levar por histórias que nos emocionam, inspiram e fazem pensar. Mas esquecemo-nos de olhar para quem está por detrás das câmaras. Atrás do brilho e da perfeição que vemos no ecrã esconde-se, por vezes, uma realidade sombria, muitas vezes silenciada, a que se dá o nome de indústria audiovisual, não raramente palco de desigualdades, abuso de poder e violência de género
Muito mais do que luzes e câmaras, a indústria do audiovisual — que inclui a produção, distribuição e exibição de filmes, séries, programas de televisão e conteúdos digitais — envolve milhares de profissionais, dos quais apenas memorizamos os rostos mais visíveis, uma pequena elite que o público idolatra.
Contudo, por detrás do brilho e da perfeição que nos é apresentada acoberta-se uma estrutura marcada por desigualdades, dinâmicas de poder opressivas e práticas enraizadas de violência de género.
Veja-se o relatório recente da CIMA – Asociación de Mujeres Cineastas y de Medios Audiovisuales, em Espanha, que revela dados inquietantes: mais de 60% das profissionais do sexo feminino, entre os 20 e os 50 anos, afirmam ter sofrido........
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