Nuvens de fumo
Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras
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Há pouco, dando umas voltas por Portugal e Itália, uma cena me chamou a atenção: a naturalidade com que as pessoas, dentro ou fora de lugares públicos, acendiam seus cigarros. Lembrei-me de quando eu e a minha geração fazíamos isso no Brasil.
Éramos vizinhos de mesa na Redação da Manchete no começo dos anos 1970: Carlos Heitor Cony, o veterano e enciclopédico R. Magalhães Junior e, ainda garoto, eu. Magalhães passava o expediente numa nuvem de fumaça provocada por meus cigarros e pelos cigarros e o cachimbo de Cony. Mas, como deixara de fumar havia pouco, parecia não se incomodar com a fumigação a que era submetido —emitia, no máximo, ocasionais grunhidos. Não fazíamos por maldade —a Redação quase inteira fumava.
Todo fumante está convencido de que fuma por prazer e que deixará de fumar quando quiser. É um clichê comum a todas as dependências: a de que se usa esta ou aquela substância —fumo, álcool, drogas, inalantes, comprimidos— por vontade........
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