Fogo — tu que nos fazes viver
Todos os anos, entre junho e agosto, somos confrontados com os fogos rurais. Calha sempre nestes meses em que o calor e o vento se combinam numa mistura propícia à ignição. Calha sempre quando boa parte do país está de férias e, por isso, o fogo toma de assalto os noticiários — das seis da manhã até ao dia seguinte. Não que faltem outras notícias; é que o fogo, quando entra em cena, arrebata tudo o que tem pela frente.
Enquanto agrónomo de formação, este tema interessa-me de forma particular. Tento ouvir e compreender o que chega ao público comum, mas esbarro logo num problema: raros são os comentadores realmente especialistas. Nem sempre é fácil encontrar quem fale com base científica, técnica e ponderada (justa menção a Henrique Pereira dos Santos e a José Miguel Pereira).
Decidi então estudar. Percebi que, para entender o fogo, é preciso conhecer o ecossistema da floresta, das matas e dos terrenos rurais e a sua relação com a atmosfera. Mas, acima de tudo, percebi também que é preciso conhecer a história do fogo.
O fogo não é como a água, que existe por si. O fogo depende de uma reação, de um espaço e de um clima. O fogo não “é”; o fogo acontece.
Aconteceu pela primeira vez há muitos milhões de........
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