menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Homo querens (o homem que reclama)

8 29
10.07.2025

Que mania a nossa de reclamar do que está mal, de nos irritarmos com o que não funciona, de chamarmos vigaristas a quem nos tem aldrabado e calaceiros a quem não mexe uma palha… Afinal, a vida é mesmo assim! A injustiça existe e temos que aprender a viver com ela. Não sabemos já como isso se faz? Por que raio é que nós — pelo menos uma parte de nós — ainda achamos que temos alguma responsabilidade para com o tosco mundo que se nos é apresentado todos os dias? De onde nos veio a ilusão de que podemos mudar o curso que as coisas levam? Consta que alguns (decerto mais afetados) têm até dedicado a vida a tentar provar que isso é possível… Mas, no fundo, sejamos sinceros: o que fizeram eles para que a nossa vida fosse diferente? Mais direitos? Mais liberdade? Mais dignidade? Seja… Ao fim e ao cabo, não é sempre tudo a mesma coisa? É que, bem entendido, andamos mas é todos atrás do mesmo… E — que diabo! — ninguém fica cá para semente. Não seríamos muito mais felizes se aprendêssemos a viver com o que temos? É por isso que digo: mais vale é procurarmos uma sombrinha, esticarmo-nos nela e não fazermos nada!

Sei — por teoria e por experiência — que há sempre um aluno que persiste no erro apenas por estar viciado em ser corrigido, em ser admoestado. Pode parecer-nos estranho, à primeira vista, mas a fórmula mais eficaz que alguns alunos, por vezes, encontram para se sentirem notados é a adoção de um comportamento desadequado pois sabem que, com isso, ser-lhes-á dita qualquer coisa; acontecer-lhes-á algo. Aquela determinada atitude, ainda que venha, mais tarde, a ser repudiada, irá surtir um efeito positivo (mesmo que apenas na sua ótica) e, por isso mesmo, alguns têm a ousadia de a tomar, na demanda de uma narrativa na qual, ainda que vilões, serão certamente personagens principais.

Não interessa aqui explorar as causas de tais comportamentos e a forma como estes foram sendo mais ou menos sistematizados, mas apenas constatar que, tendencialmente, estes são também os alunos que têm lidado mais de perto com frustrações de várias ordens. Curiosamente, nestes casos, quando o delito é aceite, acolhido, encorajado, quando o professor se coloca ao lado do aluno pronto a prevaricar com ele, o motivo da provocação tende a dissipar-se e, com ele,........

© Observador