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Salvar vidas tem prazo de validade?

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23.03.2025

Há uns tempos, um colega que muito admiro e me tem inspirado inúmeras vezes a fazer mais e melhor nisto que é ser enfermeiro na área do doente crítico, fez-me uma pergunta que pode parecer simples, mas que conduziu a uma longa conversa (e outra série de perguntas) e cuja reflexão perdura, mesmo já decorridos tantos dias. Talvez seja o que acontece quando não existe uma resposta óbvia, quando a solução não é difícil como a matemática, mas sim complexa e intangível como a mente humana: pensamos, partilhamos e fazemos aquelas coisas brilhantemente resumidas em substantivos ingleses como brainstorming, debriefing, framework ou thinktank: “Até que idade faz sentido fazer VMER?

Para quem não sabe, a VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) é aquele carro amarelo do INEM, com médico e enfermeiro, com conhecimentos e equipamentos para executar técnicas diferenciadas de reanimação (entre outras coisas). Ora, se a pergunta era até que idade os enfermeiros deveriam fazer VMER, ela rapidamente alastrou a dúvidas como: “Até que idade é adequado concorrerem ou iniciarem?” As dúvidas são válidas e provavelmente pairam questões semelhantes nas mentes de todos os profissionais que prestam cuidados na área do doente crítico e especialmente nos que exercem funções no pré-hospitalar: “Até quando?” Porque a dimensão do que se tem que saber e saber fazer, do sofrimento que se acompanha, do desgaste físico e sobretudo emocional… Até quando?

Ora… poderíamos começar por olhar para os critérios que outras entidades públicas estabelecem como idade máxima de ingresso, mas… isto de salvar vidas tem mais a ver com conhecimento e competências técnicas do que com capacidade e resistência física. Só que… se eu não conseguir subir três andares com o material às costas ou não tiver agilidade, talvez não sirva de muito ser um deus “teórico” de reanimação. No entanto, há muita gente de 55 anos bem mais atlética do que jovens de 25 (e nem é preciso falar no Lenny Kravitz que com os seus 60 anos faz inveja a todos os Gen Z e Millennial). Simultaneamente, não nos podemos esquecer da probabilidade de um profissional de........

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