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Porque saí do PSD

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18.06.2025

“Só o sentido de honra tem garantia de não envelhecer”
Tucídides (Elogio fúnebre de Péricles)

No passado dia 13 de junho de 2025 decidi abandonar o PSD!

Uma decisão – confesso – difícil, … muito difícil … adiada ao longo dos últimos anos, afastada nos últimos meses, em violação do que me ditava a consciência, após mais de 48 anos de filiação partidária.

48 anos sem nunca ter cedido na luta pelos ideais, pelos princípios e pelos valores que me levaram a aderir, em março de 1977, ao PPD/PSD, de Francisco Sá Carneiro.

48 anos sem abdicar de combater os que, em cada momento, se quiseram servir do PSD, utilizando-o em proveito próprio!

48 anos em que perdi, algumas, mas ganhei, muitas, eleições, … em que desempenhei cargos em (quase, quase mesmo) todos os órgãos locais, distritais e nacionais do Partido, sem nunca ter desistido de enfrentar os arautos desses interesses, quase sempre enquanto porta-vozes de convicções alheias!

Foi no PSD – então com 18 anos – que sonhei, pela primeira vez, ser possível contribuir para mudar Portugal, por um verdadeiro projeto democrático, de liberdade e de acordo com a real idiossincrasia do País, no Partido “mais português de Portugal”.

Lutei sempre – vencendo ou perdendo, em tantas eleições internas – mas o rumo que o PSD tem seguido, apesar da recente vitória eleitoral, dita, para mim, um virar de página.

Saio por um imperativo de consciência … após uma vitória com um crescimento tão exíguo, embora considerada pelos dirigentes do Partido como arrasadora, pelo que vejo na felicidade (atrevidamente inconsciente, ouso dizê-lo) das caras de quase todos eles.

Continuo a acreditar num projeto defensor de um verdadeiro reformismo social, político e económico – visando construir um futuro melhor para os nossos filhos e netos – e não no que consigo perceber ser, apenas e tão só, uma simples ambição de ocupação de poder, sem horizonte nem desígnio.

Um Partido que não se importa em ver-se dirigido como se tratasse de uma parceria entre amigos, entre sócios, limitado – em termos de representação geográfica do seu núcleo duro, já por duas vezes replicado no Governo – a uma pequena parcela do todo nacional, disfarçado de organização política, … não pode continuar a ser aquele onde seja capaz de manter-me........

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