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A guerra na Ucrânia e a estabilidade global

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21.02.2025

Quando se fala em constante evolução do mundo global, não se fala somente na mudança de ações políticas e paradigmas políticos de década em década ou de século em século. O mundo global criou uma condição de mudança global instantânea, e a vitória de Donald Trump, atrelada às suas esperadas consequências, é mais uma prova disso.

Com a mudança de poder na Casa Branca, os Estados Unidos da América estão no centro das atenções. Em particular, Donald Trump e os seus fiéis seguidores estão no centro das atenções, especialmente no que diz respeito à guerra na Ucrânia, que se arrasta há praticamente três anos.

Ainda antes das últimas eleições norte-americanas de 2024, o candidato republicano à casa branca havia afirmado que acabaria com a guerra na Ucrânia em 24 horas, com um simples telefonema. Assumido o cargo, a conversa rapidamente mudou e o prazo aumentou para os primeiros 100 dias do mandato, que também pareceram pouco ao agora eleito presidente norte-americano, que passou a ver como necessários os primeiros seis meses para pôr termo ao conflito no leste do território europeu. Disfarçando a sua realpolitik no argumento de pôr termo às mortes na guerra, Donald Trump procura, também aqui, uma forma de fortalecer os Estados Unidos da América e os seus interesses na região. Para tal, já assumiu publicamente que a Ucrânia tem em falta o pagamento de uma pequena “tarifa” que ronda os 500B US$, pagos através da exploração de terras raras em território ucraniano por parte dos norte-americanos.

Não é difícil perceber a razão pela qual o presidente norte-americano assume um interesse estratégico nas terras raras ucranianas. 80% dos materiais raros usados na indústria tecnológica pelos EUA são oriundos da China, o rival comercial dos norte americanos. O raciocínio de Donald Trump ter-lhe-á permitido concluir que a afirmação do poder comercial norte-americano em detrimento dos chineses nunca poderá ser levado avante quando prolongada e inalterada a dependência face aos rivais comerciais. Quanto a Volodymyr Zelensky, é de lamentar a infeliz situação em que está o líder ucraniano. Os russos invadem a Ucrânia na frente de leste, enquanto Donald Trump parece querer transformar a dependência ucraniana do apoio ocidental numa oportunidade de afirmação de poder para os Estados Unidos, ao se tornar cada vez mais inequívoco afirmar que o presidente norte-americano não está minimamente preocupado com a Ucrânia e a sua independência e soberania, tampouco com a proteção das democracias ocidentais perante o avanço das ditaduras inimigas da liberdade e dos direitos humanos. Com um presidente norte-americano mais preocupado em garantir benefícios próprios do que em........

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