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Medalhas Não Crescem em Silêncio

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19.07.2025

Faltam três anos para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Los Angeles 2028. Três anos que, para o público em geral, parecem distantes, mas que para os atletas portugueses são já amanhã. No entanto, e como sempre, o país continua a acordar para o desporto de alto rendimento apenas de quatro em quatro anos — exigindo medalhas, glória e feitos heróicos — ignorando por completo o que acontece nos restantes 1.460 dias de trabalho, sacrifício e resiliência.

A verdade é simples e crua: Portugal não investe seriamente no seu capital humano desportivo. Seja nos atletas olímpicos, seja – e ainda mais gravemente – nos atletas paralímpicos, o apoio contínuo, estruturado e digno continua a ser uma miragem. Falta planeamento, falta financiamento e, acima de tudo, falta uma cultura desportiva que valorize o esforço antes do pódio.

Um país que exige sem dar

É fácil aplaudir uma medalha, partilhar nas redes sociais a bandeira nacional ou encher a boca com chavões sobre “orgulho nacional” quando há vitórias. Difícil é estar presente durante o processo: nos estágios com condições precárias, nas viagens feitas com orçamento mínimo, nos treinos que exigem tudo de quem pouco tem.

Portugal exige resultados de atletas que muitas vezes treinam em condições inferiores às dos seus adversários internacionais, que acumulam carreiras paralelas para garantir o sustento e que têm de lutar pela visibilidade num país que dá mais tempo de antena à polémica do futebol do que ao esforço das modalidades olímpicas e paralímpicas.

A três anos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Los Angeles 2028, Portugal continua a enfrentar uma das suas maiores contradições........

© Observador