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O Preto do Jardim

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23.02.2025

No bonito e impecavelmente bem tratado jardim da minha terra, sim, digo da minha terra porque para ela vim há sessenta e seis anos, como funcionário público, e dela nunca mais quis sair, por amor, salvo durante um período de cerca de quatro anos em que fui chamado a cumprir o dever de defender as fronteiras do País na guerra que nos foi imposta em Angola, no jardim de Angra do heroísmo, dizia, que é desta cidade que se trata, existe, no chamado ‘jardim de cima’, um tanque de pedra e, num dos topos, embutido no muro-guarda do tanque vê-se um pedestal basáltico e sobre ele, atarraxado à pedra, encontra-se a pequena estátua de uma figura híbrida, de 1,30 metros de altura, o cabelo encarapinhado, as feições comuns ao homem negro e, na cabeça, a servir de adorno, ostenta o que parece ser um cocar; simpaticamente, os terceirenses batizaram-no por o “Preto do Jardim”.

O tanque vem dos tempos dos frades jesuítas, por eles usado para regar as hortas do convento e meditar no ambiente tranquilizador ao seu redor; e a estátua do ‘Preto’ crê-se que estará ali desde o século XVIII. O local é aprazível, duma serenidade absoluta, rodeado de árvores frondosas, apenas se ouvindo o cantar dos pássaros e o murmúrio da água que sai do tubo de ferro que o preto aperta na boca.

Era para ali que os casais de namorados do meu tempo, e dos de muitas dezenas de anos antes de mim, vínhamos namorar. Muitas fotografias lá tirei com a........

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