Obsessão pela Repetição
Fernando Pessoa, debruçado sobre a sua escrivaninha vitoriana, repetia o ritual da escrita dos seus poemas com a insistência dos génios. Sim, essa mesma obsessão que caracteriza todos aqueles que se entregam de forma absoluta a algo. Parecem abstrair-se da realidade mundana, perdidos no seu emaranhado, onde o único objetivo é cumprir o desígnio da sua arte. São hedonistas da metafísica, monoteístas do Belo, devotos na busca de um ideal que transcende a sua própria existência.
Mas nem só na arte a repetição se manifesta. Na espiritualidade, a repetição sempre ocupou um papel fulcral. Podemos assistir a fenómenos como as peregrinações aos locais sagrados de culto. Só uma força de fé pode levar milhares de pessoas a repetirem os mesmos percursos ao longo de vários séculos. A repetição........
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