Luso-histeria coletiva antiamericana
Há mais de um ano, aquando das últimas eleições legislativas portuguesas, opinámos aqui que a comunicação social e a “intelligentsia” lusa esclerosaram-se quase todos no jornal O Avante! de 1975.
Este luso-conformismo em que quase ninguém sai da caixa cinquentenária do comunismo ou socialismo marxista só piorou no último ano e há cada vez menos coragem e verdadeiro jornalismo, sobretudo desde as eleições americanas. Sobre a nova administração americana, a nossa classe jornalística é geralmente incapaz de nos informar ou providenciar qualquer contexto económico útil e inteligente, só sabe repetir a opinião básica e cinquentenária do Avante sobre os EUA: “fachos!”
Neste artigo fazemos uma resenha irónica dos múltiplos exemplos da falta de credibilidade e originalidade de uma comunicação social lusa que não noticia, mas promove na população um frenesim arrogante de histeria coletiva anti-americana, herdada de Cunhal. Explicamos também que ainda por cima já não há intelectuais de esquerda na nossa imprensa como os houve. Hoje só há tradutores da versão da esquerda e censuradores da versão do centro e direita americanos (cujas órgãos de comunicação mais credíveis, nunca cá divulgados, partilhamos no final do artigo).
Tal acefalia impede a humildade da autocrítica e reflexão sobre o que poderíamos aprender com erros e ações dos EUA perante problemas que em Portugal são semelhantes e até mais graves, desde a qualificação dos políticos à eficiência do estado e da economia, passando pelos deficits. Nem todas as medidas republicanas são acertadas e várias foram precipitadas, mal comunicadas ou deviam ter sido negociadas à porta fechada, mas todas tem uma razão de ser que devíamos compreender em vez de só ofender quem tenta resolver os problemas. Em Portugal só difundem a versão do partido democrata americano de esquerda. Este perdeu as eleições porque tal como muitos dos nossos políticos não fazia nada para resolver os problemas da população.
Nos EUA a imprensa de esquerda que promove esse partido (a única divulgada em Portugal) mentiu durante 4 anos, como agora admite, que Biden, um idoso senil que passava os dias nas praias do Delaware ou em sestas, estava com muita argúcia mental e energia a trabalhar para resolver tais problemas.
Nas caixas de comentários da esmagadora maioria dos artigos lusitanos que só apresentam a versão de esquerda, muitas vezes ardilosa, cada vez mais a audiência enganada diz que desconfia que existe a versão do centro e da direita, mas não lha dizem e escondem-na. Perde-se credibilidade e liberdade. Não foi para esconder perspetivas que se fez o 25 de Abril em Portugal.
Muitos dos correspondentes na América dos órgãos de comunicação portuguesa são intragáveis. Há imprestáveis que estando nos EUA sabem que a versão do centro e da direita existe e é maioritária nas ruas e nos novos media americanos. No entanto, à boa maneira de Salazar de quem herdaram os piores defeitos ditatoriais e de lápis azul, escondem-na e pintam como realidade a versão minoritária de que o governo dos EUA é fascista. Isto quando até a própria CNN americana e as figuras de esquerda intelectualmente respeitáveis como Bill Maher reconhecem que insultar republicanos como fascistas além de mentira já cansa e não funciona. A censura feita por correspondentes portugueses no terreno americano que não nos dizem o que se passa no terreno é que é fascista. Conseguem a “proeza” de emular quer Salazar na censura quer Cunhal no antiamericanismo.
A fasquia da nossa imprensa é tão baixa que justifica os fracassos recentes da esquerda invocando progressos em relação ao verdadeiro fascista português Salazar, mas que saiu do poder há quase 60 anos. Para eles, como os jovens das cidades já não andam descalços nas aldeias como os avós não faz mal que não consigam fundar família ou comprar casa e tenham de emigrar. Se isto não pega inventam novos fascistas onde eles não existem: a administração republicana dos EUA. Todas as artimanhas servem para esconder os inúmeros fracassos da esquerda portuguesa ao longo dos anos e impedir a população lusa de refletir sobre eles e soluções alternativas de centro e direita.
No Observador há alguns resistentes à invenção de fascistas nos EUA para proveito próprio lusitano, mas fora disso são raríssimas as exceções. Há bons artigos como o de Gomes Ferreira que aprofundam os problemas económicos graves dos EUA herdados do despesismo da esquerda e a necessidade da direita implementar medidas........
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