Uma (a)Ventura
Os partidos populistas estão na moda pelo mundo ocidental, particularmente os de direita. No entanto, é um erro colocar, Órban, Meloni, Trump, Bolsonaro, Le Pen e Ventura todos no mesmo saco. Por ignorância ou comodismo, tornou-se fácil e conveniente classificá-los todos como “extrema-direita”. Orbán é autoritário e pró-russo; Meloni, não. Le Pen vem de uma linha de extrema-direita, ligada ao fascismo, enquanto André Ventura vem de um partido social-democrata. Trump obtém uma votação esmagadora na América profunda e menos instruída, enquanto Bolsonaro teve maior apoio nas camadas urbanas e com maior escolaridade. É impreciso chamá-los fascistas, tal como é redutor classificá-los como extrema-direita, sobretudo quando, por vezes, defendem políticas estatizantes, tradicionalmente associadas à esquerda. Os únicos traços comuns são mesmo a demagogia e o populismo, dos quais são mestres, ainda que não tenham o seu exclusivo.
Mas deixemos este preâmbulo em tom de desabafo e centremo-nos no nosso “jardim à beira-mar plantado”. O Chega é o exemplo nacional mais próximo destas correntes populistas. Com mais ou menos quadros qualificados e com um ideário mais ou menos definido, o partido tem crescido. “Chega de quê?”, pergunta-se. Corrupção, dizem eles.
Em primeiro lugar, deixemos os estigmas. Os eleitores que votaram Chega nos últimos anos tiveram razões para o fazer. Ainda que eu acredite que estejam enganados, e que estamos a viver um daqueles períodos em que a formiga vota no inseticida........
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