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Xenofonte e o fecho-éclair

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03.08.2025

Um homem da Nova Inglaterra inventou um extraordinário entalhe duplo em metal dourado e, para o descrever, usou uma comparação que tomou de empréstimo a um raio que cai do céu. Disse: “Vou chamá-lo fecho-éclair” (relâmpago, clarão). O seu nome era Whitcomb Judson. Colocou-o à venda no início de 1891.

Homero e Píndaro chamavam “símbolos” aos fragmentos partidos de tesselas quando os heróis se apartavam. Quando regressavam, anos mais tarde, os heróis reajustavam as bordas. No momento em que a sua peça do puzzle encaixava perfeitamente na outra, os olhos reconheciam os rostos.

Tal como o rato que se imobiliza, reconhecendo os dentes da serpente que assombrara os seus sonhos em medo antes ainda de os ter percebido na realidade. Assume um ar extasiado. É então que o rato se transforma, sob os dentes da serpente, na forma do outrora maior que o esperava no espaço e que ele vira à noite.

Ao fim de muitos anos, Xenofonte passou a pensar que era melhor ser mercenário do que soldado, embora para se ser o primeiro se tenha de ser o segundo. Os mercenários têm um carácter abrupto e carecem, em geral, de espírito de corpo, ao contrário dos soldados de um reino, cuja disciplina, como o soldo, lhes chega de fora. Cada mercenário tem de cuidar de si mesmo, pensa mais na vida do que na glória e é livre para improvisar, enquanto os soldados se devem a uma falange ou a um esquadrão. Durante a anábase, e antes da batalha de Cunaxa em que Ciro morreu e se revelou a liderança do cronista grego, Xenofonte decidiu que atribuiria a cada parte do seu corpo um fragmento de memória, e que anotaria na sua correagem os números e as........

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