Plínio e a luz do desejo
Um irado professor repreende uma turma da Escola Técnica de Utrecht, exigindo o nome de quem desenhara a sua caricatura. O bode expiatório acabou por ser Wilhelm Röntgen, que foi imediatamente expulso.
Justo? Ele sempre negou ser o autor do desenho. A reivindicação de inocência não foi, contudo, suficiente e viu-se forçado a prosseguir estudos na Escola Politécnica Federal de Zurique. A mudança revelou-se decisiva porque foi aí que conheceu August Kundt, um professor que nele despertou a paixão pelo estudo da luz.
Uma tarde, Röntgen – que tinha vinte e um anos e era assistente daquele professor de Física – parou no bar Zum Grünen Glas para tomar café, sem saber que aí encontraria a mulher que lhe arrebataria o coração. Anna Ludwig, vinte e sete anos, era alta, morena, e de feições perfeitas. Servia no café do pai, razão pela qual tantos estudantes ali acorriam. Após três anos de consumo de café, Wilhelm foi pedir a mão da sua amada e ofereceu-lhe um anel de noivado, apesar da oposição de Friederich Röntgen, que pretendia que o filho procurasse uma mulher da mesma posição e que não fosse mais velha do que ele. Tratou de vergar a vontade de Wilhelm suspendendo-lhe a mesada. Duro golpe para o noivo, acostumado a viver com certa folga, mas ele não desistiu do amor. Acabaram por casar apenas em 1872, seis anos depois de se conhecerem e três após o noivado.
Conta-nos Plínio na sua História Natural, XXX: uma jovem segura uma chama na mão esquerda. Na direita, um pedaço de carvão. Diante dela está o........
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