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Trabalho (do século) XXI: o que está mesmo em causa?

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07.09.2025

Vivemos uma das maiores transformações do mundo do trabalho em mais de um século. A pandemia acelerou a digitalização, normalizou o teletrabalho e demonstrou que a produtividade não se mede em horas de presença. Hoje, com a inteligência artificial a reconfigurar tarefas e profissões, discutimos uma nova reforma laboral – o chamado “Trabalho XXI”. Mas a pergunta essencial permanece: estará a lei a acompanhar o ritmo da mudança ou apenas a tentar controlar os seus efeitos?

A globalização e a tecnologia tornaram o mercado mais competitivo e fluído. As carreiras vitalícias deram lugar a percursos mais versáteis, e a automação exige requalificação constante. O desafio é conciliar competitividade e inovação com a valorização do trabalho e da dignidade de quem trabalha.

Portugal precisa de atrair talento, reconhecer novos vínculos laborais e criar condições para inovar. Mas essa ambição não se concretiza revendo em baixa direitos que tanto custaram a ser adquiridos ou apagando avanços civilizacionais como o reconhecimento do papel da mulher na sociedade. Para recentrar o debate onde ele realmente importa, há dados e escolhas que importa analisar.

Produtividade: um desafio estrutural

A baixa produtividade laboral continua a ser o principal entrave estrutural ao crescimento económico sustentado do nosso país. Segundo dados da Comissão Europeia de 2023, a produtividade nacional representa cerca de 80,5% da média da União Europeia (ocupando o 21.º lugar entre os 27 Estados-membros), estando ainda bastante longe de países como a Alemanha, Países Baixos ou Dinamarca.

Paralelamente, segundo a OCDE, Portugal integra o grupo de países com mais horas de trabalho anuais, superando largamente........

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