O Interior não morre, é deixado a morrer
A desertificação do interior é tratada em Portugal como uma espécie de fenómeno natural inevitável, silencioso, entranhado. Um desfecho que se aceita com a resignação de quem assiste à erosão de um penhasco ou ao avanço do mar. Mas não é. O abandono do interior é uma escolha coletiva. E, por isso mesmo, é uma questão ética, política e cultural.
Metade do território nacional está a ser esvaziado de gente, de investimento e de futuro. Continuamos a falar de “coesão territorial” enquanto, ignoramos o grito silencioso de aldeias inteiras, onde já só há memórias e ervas daninhas. Continuamos a usar a palavra “sustentabilidade” enquanto deixamos ao abandono o que é, precisamente, mais sustentável: a vida com raízes, com laços comunitários, com ligação à terra.
Simone Weil filósofa francesa, escreveu que o maior drama do nosso tempo é o........
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