Chega, o novo líder sociológico da esquerda
O Chega venceu em Setúbal, cresceu no Alentejo, venceu em quase todo o território a sul do Tejo, apenas não foi o mais votado no distrito de Évora, onde ficou em segundo. Teve resultados expressivos em zonas onde o PCP e, mais tarde, a CDU, mandaram durante décadas. E não, não é um erro de leitura política, é a confirmação de uma transição sociológica. O eleitorado tradicional da esquerda encontrou no Chega um novo veículo de protesto, ressentimento e pedido de ordem. Ventura não inventou este eleitorado, apenas soube ouvi-lo.
Há algo de profundamente irónico nisto, um partido que se proclama de “direita” a ocupar o espaço social, cultural e até programático que durante anos pertenceu à esquerda. O Chega tornou-se o novo partido das classes populares, da periferia empobrecida, do interior abandonado, dos trabalhadores desiludidos com promessas que nunca chegaram. E também dos que veem na imigração uma ameaça ao pouco que têm, como antes viam no “capitalista” ou no “patrão” a origem da sua insegurança. A antiga........
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