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Autarquias, o Instituto do Emprego do Comité Central

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29.08.2025

Num país onde o peso do Estado e das suas extensões locais continua a servir de plataforma de sustentação de interesses político-partidários, as autarquias lideradas pela CDU distinguem-se pela consistência com que funcionam como espaços de absorção de quadros e militantes do partido. Perante a erosão eleitoral da coligação comunista-verde e o esvaziamento do seu peso institucional, observa-se um fenómeno particularmente sintomático: o de ex-eleitos ou candidatos derrotados que, afastados pelas urnas, encontram nos gabinetes camarários uma nova forma de utilidade partidária.

Miguel Tiago: deputado, avençado e reciclado

É o caso de Miguel Tiago, antigo deputado do PCP, que depois de abandonar o Parlamento passou por um ciclo de reencaixe institucional nas autarquias comunistas. Primeiro, foi acolhido na Câmara Municipal de Setúbal, então liderada pela CDU, onde prestou serviços técnicos. Mais tarde, transita para a autarquia de Sesimbra, igualmente governada pela coligação, onde em 2019 celebrou um contrato de prestação de serviços no valor de 36.000 anuais.

Segundo declarações públicas, Miguel Tiago prestava assessoria nas áreas do ambiente e sustentabilidade, invocando a sua formação de base em Geologia. À questão sobre se o partido teve intervenção na sua colocação, responde com ambiguidade: garante desconhecer qualquer influência, mas reconhece que a sua disponibilidade era conhecida. O importante, porém, não é a origem do convite, mas o contexto previsível: o partido perdeu o lugar, mas o ex-deputado manteve-se na estrutura, desta vez, discretamente avençado.

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