O regresso do valor da razão
Donald Trump não inventou o caos, mas profissionalizou-o. A política enquanto arte da ponderação vem sendo, golpe após golpe, humilhantemente substituída pela política de espetáculo, onde há malabarismos de insensatez. Na política, na televisão, nas redes sociais, a atenção tem sido conquistada pela punch line, o argumento sucumbido pela agressão, a preocupação exarcebada pela desgraça. A diplomacia internacional está ora nos cuidados intermédios ora nos cuidados intensivos, sempre com prognóstico reservado. O vírus da “política de espetáculo” vai corroendo por dentro a saúde da civilização como a conhecemos. A ponderação vai aos poucos desistindo no jogo do “tudo ou nada”. E o soundbite é a voz do novo GPS da humanidade – “vinde por aqui…”.
Até há bem pouco tempo o mundo conhecia uma ordem internacional que sacralizava a sensatez e onde as dúvidas da diplomacia se esclareciam em prol do bem-comum. O talento (ou a capacidade) do bom-senso era um critério fundamental nas lideranças internacionais. Um critério enferrujado, talvez, mas sempre bruxuleante.
Olhar a política internacional nesta era Trump é testemunhar constantemente uma........
© Observador
