Uma fábula da política real
A base da história conta-se em três frases: na Junta de Freguesia de Carnide esperavam-se uns dinheiros devidos pela Câmara de Lisboa há algum tempo, por alma de uma figura moderadamente demagógica chamada “orçamento participativo” (inventada para fingir que os cidadãos mandam nos dinheiros deles, pomposamente designados pelos governantes sob o eufemismo de “dinheiros públicos”). A transição daquela soma para os bolsos da Junta foi aprovada há cerca de uma semana na Assembleia Municipal. Todos os presidentes de junta lamentaram o atraso, atribuíram o atraso às tramitações burocráticas – “porque às vezes, como todos sabemos, é preciso agilizar, não se pode esperar o tempo todo que um processo demora a percorrer os serviços” -, e suplicaram que a burocracia não se repetisse agora, depois da proposta de transferência ter sido aprovada na Assembleia.
Um rebuçado. Ver os senhores governantes vítimas de si mesmos, vulneráveis perante a absurda máquina burocrática que eles próprios inventaram e nutriram, não tem preço.
Começo por felicitar a freguesia de Carnide por ter conseguido o inestimável melhoramento pelo qual esperou. De seguida, aproveito a historieta, já que........
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