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Da inteligência artificial à estupidez real

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01.06.2025

Vivemos e viveremos cada vez mais na era da inteligência artificial (IA). O que é ela? É o resultado de uma série de operações lógicas programadas, inseridas numa máquina que nos dá com espantosa rapidez resultados consequentes a pouco mais do que deduções binárias (1 ou não 1). Chega lá através de algoritmos que, por sua vez, são também resultados de variáveis lógicas, um pouco mais alargadas, bem entendido, inseridas nos programas.

E é com isto que nos querem converter e até escravizar à informática. Como o próprio termo indica, a informática informa, não pensa. Disponibiliza conhecimentos e agora também, ao que parece, até os gera, mas não vai para além do que de lá já consta. Não pensa porque não pode pensar. E porquê? Porque o pensamento humano é demasiado complexo para se deixar reduzir às opções algorítmicas que os programadores inseriram na máquina.

O conhecido cientista português M. Damásio disse há uns bons anos num livro de sucesso (O Erro de Descartes) que o cérebro humano sem as circunvoluções que alimentam as emoções funciona mal, ou melhor, é incompleto e, portanto, funciona deficientemente. Atribui nesse livro ao cartesianismo o defeito de reduzir o raciocínio humano à lógica de origem geométrica. Não vou aqui discutir se Damásio se enganou ou não (para mim o erro foi dele e não de Descartes que conhecia tão bem ou melhor do que ele a importância das «paixões» no desenvolvimento do raciocínio humano, mas que teve de deixar voluntariamente de lado para não obnubilar as exigências dogmáticas do «método»). Mas Damásio teve o grande condão de vulgarizar o entendimento segundo o qual a mente humana não se reduz a esquemas lógicos. Pensa-se com o corpo e não apenas com a cabeça, como também já muito bem sabiam os........

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