Para Além dos Mitos: O Imperativo da Imigração
Até meados do século, as projeções demográficas para Portugal desenham um cenário preocupante: seremos uma das nações mais envelhecidas do globo, com uma proporção de apenas dois indivíduos em idade ativa para cada idoso. Este panorama não é meramente um dado estatístico; é uma realidade económica premente que ameaça a sustentabilidade do nosso contrato social. Perante este abismo demográfico, Portugal – e, de resto, todo o Ocidente – confronta-se com uma escolha iniludível: o declínio progressivo ou uma política de imigração cuidadosamente gerida. Não existe uma terceira via.
O debate em torno da imigração persiste, lamentavelmente, refém de um mito pernicioso: o de que os imigrantes representam um fardo para a sociedade. A verdade, contudo, é diametralmente oposta. São, na realidade, um ativo vital que urge cultivar e integrar. Para as economias avançadas que, como a nossa, enfrentam um declínio demográfico irreversível, uma política de imigração estratégica e bem delineada constitui a única ferramenta pragmática para assegurar a sobrevivência económica nacional.
Esta perspetiva reconfigura, de forma decisiva, toda a discussão. As palavras-chave deixam de ser “generosidade” ou “custo social”, noções antiquadas e desajustadas, para se transformarem em “necessidade” e “imperativo económico”. A imigração, longe de ser um ato de caridade, emerge como uma estratégia indispensável para o futuro de Portugal.
A Aritmética Inevitável
No panorama global do mundo desenvolvido, a aritmética demográfica revela-se implacável. As taxas de natalidade, persistentemente abaixo do nível de substituição, e o progressivo envelhecimento da força de trabalho exercem uma pressão insustentável sobre as promessas fiscais que sustentam os nossos sistemas de pensões e de Segurança Social. Ignorar esta realidade é, no fundo, planear o incumprimento.
Nesta equação complexa, a imigração emerge como a única variável significativa que podemos, de facto, controlar. Pensemos na economia de uma nação como uma vasta empresa. Uma empresa que cessa de contratar talento jovem e ambicioso, dependendo exclusivamente da sua força........
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