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O punho e o ramo de oliveira

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22.09.2025

O homem que enviou bombas artesanais para as residências de Barack Obama e Hillary Clinton era um apoiante de Trump. O homem que tentou raptar a governadora do Michigan era um apoiante de Trump. O homem que atacou Paul Pelosi com um martelo era um apoiante de Trump. A lista prossegue, uma cadência implacável de violência com motivações políticas.

O tenaz apelo à urbanidade, proferido por liberais imbuídos de boa-fé, constitui, perante a crescente e unívoca hostilidade, um equívoco estratégico de proporções monumentais. É um apelo unilateral ao apaziguamento num conflito em que uma das partes já demonstrou, de forma reiterada, o seu absoluto desdém por essa mesma ideia. Continuar a estender o ramo de oliveira a quem o encara como uma bandeira de rendição é um gesto de uma ingenuidade política abissal. Impõe-se, pois, o abandono desta estratégia falhada e a adoção da lógica férrea da dissuasão.

Sejamos, pois, claros quanto à natureza da ameaça. Estamos perante um fenómeno de violência assimétrica, e os dados traçam um panorama irrefutável. Segundo a Liga Anti-Difamação, a extremistas de direita se deve a autoria de 76% de todos os homicídios associados ao extremismo doméstico nos Estados Unidos na última década. Em contrapartida, apenas 4% foram perpetrados por indivíduos de extrema-esquerda.

Longe de ser um acaso, este padrão revela-se uma característica imanente, apadrinhada e até incentivada pelas mais altas esferas do Partido Republicano. Basta recordar o momento em que, instado a repudiar o radicalismo de direita, Donald Trump legou aos Proud Boys a célebre instrução para que “recuassem e ficassem a postos”; um repto que estes compreenderam na sua plenitude, antes de assumirem um papel........

© Observador