Porque não voto no Almirante
Efectivamente não vou votar no Almirante Gouveia e Melo.
Eu não o faço, mas várias são as figuras que apoiam a sua candidatura a Presidente da República. Imagino que uns o façam porque o desejam como bom Presidente, outros, mais vorazes, têm-no essencialmente por bom candidato. Estes últimos e, nessa qualidade, entendem que o sr. Almirante é alguém com fibra ganhadora, bem recebido pela opinião pública, um apoio que concedem, seguramente, sem esperar qualquer retorno. Outros, no apoio que oferecem, procuram apenas emergir por entre as primeiras filas.
Os que o veem como um bom candidato, têm razão. O Sr. Almirante é um dos com maior apoio popular. Porém, há por aqui um pequeno equívoco. Ser um bom candidato não significa, nem muito menos garante, que o exercício do cargo decorra com competência e probidade.
Ser um bom candidato, ser o melhor candidato, significa, arrumar a questão a 25 de janeiro de 2026 ou resolvê-la sem grande concorrência três semanas depois.
Para muitos, ser bom candidato resume-se a “fazer-se de morto” e, enquanto “morto”, fazer muito mais pela eleição que muitos “vivos” que, só sabemos que o estão, porque falam, falam, falam, falam …
O sr. Almirante segue, ou pelo menos seguia, outra estratégia, evitava falar. E assim, falando pouco, cedo se perfilou como um dos melhores. Falar pouco preenche o imaginário popular e adapta-se ao nosso superego Sebastiânico. Enquanto povo sempre esperámos por um messias, figura que assenta que nem uma luva à imagem que o sr. Almirante de si tem.
E assim, Gouveia e Melo, surgia, há semanas, umas centenas de metros à frente de outros que tiveram de se pôr em bicos-dos-pés para assomar à linha de partida ou, souberam tirar proveito de uma “private joke” que rapidamente os transformou numa anedota pública. Alguns há que ainda não são candidatos porque persistem em “preliminares” e aguardam a vaga de fundo que tarda em surgir.
Aqui chegados, o sr. Almirante Gouveia e Melo é um bom candidato e, dada a vantagem que apresentava no início, não se estranhou que surgissem à sua volta os habituais “valentes dos bastidores”. É assim que se perfilaram figuras como Alberto João Jardim; Ângelo Correia; Adão e Silva; Carlos Carreiras; Isaltino Morais; António Martins da Cruz; Francisco Rodrigues dos Santos; Melo Gomes; António Capucho; André Pardal; Francisco George e o recém chegado ao mundo dos ”petulantes”, o sempre surpreendente Rui Rio. Demasiada testosterona onde figuras como Catarina Santos Cunha e Teresa Violante, aparecem desalinhadas ou apenas com a frescura necessária para compor o ramalhete.
Acredito que alguns apoiantes estejam genuinamente convencidos que estamos perante um produto........
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