Henrique Raposo e a sua falsa dicotomia
Henrique Raposo escreveu recentemente que muitos jovens católicos vivem uma religiosidade pomposa, feita de rituais exteriores e poses teatrais. Falou de missas em latim, de comunhões de joelhos, de bocas abertas como passarinhos à espera de papa. E, com ironia, sugeriu que essa fé é mais aparência do que essência, mais etiqueta do que caridade.
Mas há aqui uma falsa dicotomia.
Na tradição da Igreja, ajoelhar-se diante de Deus não exclui ajoelhar-se diante do próximo. Pelo contrário, exige-o. O mesmo Cristo que se oferece na Eucaristia, realmente presente, Corpo, Sangue, Alma e Divindade, é o Cristo que lavou os pés aos discípulos e que nos manda fazer o mesmo. Ajoelhar-se para comungar não é teatro, é reconhecimento humilde da presença real de Deus. E ajoelhar-se diante do pobre, do invisível, do esquecido, é reconhecer essa mesma presença em cada rosto humano.
Não são apenas os jovens que se ajoelham. Muitos adultos, que durante anos........
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