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Sócrates pode provar a sua inocência e que a Terra é plana 

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09.07.2025

Confesso que estava nervoso com o início do julgamento de José Sócrates. Tive receio da desilusão. Ao longo dos anos, as expectativas foram-se acumulando e temi que se tivessem agigantado ao ponto de, inevitavelmente, saírem goradas. O gorar é causa de grande frustração e ninguém aprecia quando uma situação gora. Não sabemos se, nas sessões que há pela frente, o julgamento gorará, mas para já ainda não gorou. Goraria se José Sócrates não tivesse sido José Sócrates. Graças a Deus, foi-o, não gorando.

Dos relatos que temos sala de audiências, destaco as primeiras intervenções de José Sócrates, que mostrou desagrado por ter de se identificar perante o Tribunal. O ex-Primeiro-Ministro acha desnecessário ter de dizer o nome. Tem alguma razão. Quem é que não conhece José Sócrates? Por outro lado, tem de ter um bocadinho de paciência com estas picuinhices judiciais. É imperativo acertar com os dados pessoais e sabemos como Sócrates é atreito a enganos, desde a altura em que foi apanhado a rasurar e corrigir a sua fixa de inscrição na AR, porque na altura se equivocava sobre as suas habilitações literárias e afirmava que era engenheiro sem ter o curso.

Além desta troca de palavras, houve outro momento de tensão entre juíza e réu, quando Sócrates foi repreendido por se ter ausentado sem pedir autorização. Parece que estava aflito para fazer xixi. Quem ouviu as escutas em que Sócrates repreende Carlos Santos Silva pelos atrasos das obras, nomeadamente a entrega das loiças sanitárias, sabe que o ex-PM fica muito irritado com qualquer imprevisto que o impeça de usar a casa-de-banho quando quer. Seja culpa de um pedreiro ou de uma juíza, tanto faz. Mas a meritíssima Susana Seca não se deixou intimidar e advertiu José Sócrates. Em defesa de Sócrates, há que........

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