O pouco varão de Münchhausen
Era inevitável que este dia chegasse. Por muito que tenhamos lutado, por muitos avisos que tenham sido dados, estava escrito que ia acabar assim. Os resultados das eleições são claros. Pela primeira vez, em 50 anos de democracia, existe a hipótese real de, nas próximas eleições, haver em São Bento – e escrevo-o com cautela, consciente do peso das palavras e do risco que corremos ao abastardar conceitos – um Primeiro-Ministro fiteiro.
(O leitor julgava que eu ia dizer “um Primeiro-Ministro de extrema-direita”, não era? Só que essa afirmação é discutível. Não no sentido de ser “de extrema-direita”, mas no de ser “o primeiro”. De acordo com critérios há muito definidos, desde Cavaco Silva que todos os Primeiros-Ministros do PSD são fascistas. Já fiteiros, podemos estar certos que, a chegar lá, André Ventura vai mesmo ser o primeiro).
Quem assistiu ao périplo hospitalar do líder do Chega, ficou com a impressão de que se trata de um mariquinhas. Recapitulemos: na terça-feira, em Faro, Ventura sentiu-se mal a discursar, agarrou-se ao peito e atirou-se para o chão. Foi levado de ambulância para o Hospital, onde despistaram qualquer problema cardíaco na origem do achaque, tendo-lhe ao invés diagnosticado azia. No dia seguinte, fez-se fotografar deitado, com o ar abatido, não de quem tinha tido refluxo gástrico, mas de quem tinha sido refluxo gástrico de uma baleia. Na 5.ª feira, em Odemira, voltou a jogar-se para o chão no seguimento de novo bolçado. Foi então transportado sucessivamente do........
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