O lago dos patos
Com a comoção eleitoral que se viveu em Maio, entre o resultado histórico do Chega e o resultado histórico do PS, passou despercebido um novo capítulo da gloriosa epopeia fluvial portuguesa. Ao contrário da epopeia marítima, a epopeia fluvial não se cobre de glória. Merecia, provavelmente, um cronista que redigisse a História Cómico-Fluvial. Desta feita, revelou-se que os célebres barcos eléctricos encomendados para fazer a travessia do Tejo, afinal são mais apropriados para navegar em lagos. As condições do estuário, com marés e ondulação, não são propícias para estes cacilheiros de água doce. Isto que a Transtejo fez é como se a TAP comprasse aviões que não podem atravessar nuvens.
É estranho. Há 500 anos, tínhamos naus que faziam 11 mil km até ao Japão. Agora, é com muita dificuldade que fazemos 11 km até ao Barreiro. As diferenças de perspectiva são um fenómenos fascinante: tanto fazemos do Atlântico um charco, como tornamos o Mar da Palha um oceano.
Repetindo o que já fiz quando aqui relatei o caso dos navios pela segunda, terceira e quarta vez, julgo que é importante recordarmos alguns dos acontecimentos mais marcantes desta gesta.
Em Outubro de 2020, o........© Observador
