O papel da Universidade na História de Portugal
Com este artigo, procuro analisar, ainda que brevemente, em que medida a Universidade desempenhou um papel estruturante no desenvolvimento de Portugal e que ensinamentos podemos extrair dessa herança para o presente.
A criação do Estudo Geral, em 1290, teve como objetivo consolidar o Reino de Portugal, fundado pouco mais de um século antes. Foi uma decisão visionária de D. Dinis, com repercussões duradouras na organização política, cultural e científica do país.
É significativo que o documento fundacional da Universidade tenha sido assinado em Leiria, território onde, poucos anos depois, o mesmo monarca ordenaria a plantação do Pinhal do Rei, concebido como um instrumento de ordenamento e gestão dos recursos naturais. Assim como a Universidade, o Pinhal de Leiria consolidou-se ao longo do tempo com o apoio de sucessivos monarcas, evidenciando uma estratégia de governo de longo prazo.
Pelo diploma Scientiae Thesaurus Mirabilis, de 1 de Março de 1290,
o rei D. Dinis cria o Estudo Geral, a primeira Universidade portuguesa
(Fonte: Coimbra: Diploma dionisiano da fundação primitiva da Universidade)
O documento régio que instituiu o Estudo Geral – o Scientiae Thesaurus Mirabilis – foi confirmado pelo papa Nicolau IV através da bula De statu regni Portugaliae. A escolha do título da bula é reveladora: tratava-se não apenas da criação de uma instituição académica, mas de um gesto político e cultural que manifestava o “estado do reino de Portugal” no contexto internacional. Destaca-se a rapidez da decisão papal (o texto fundacional é de 1 de Março de 1290, enquanto a bula foi assinada a 9 de Agosto do mesmo ano), o que evidencia a capacidade diplomática do reino.
Lê-se na carta régia:
“Como é sabido, o tesouro admirável da ciência, que, na proporção em que se espalha, recebe incremento de maior fecundidade, ilumina o Mundo espiritual e temporalmente, porquanto, é........
© Observador
