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Groundhog Day

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10.03.2025

Se há um traço que define a política portuguesa, é a sua capacidade de repetir os mesmos erros como se nada tivesse mudado. Enquanto a Europa se reorganiza perante o colapso da segurança transatlântica, Portugal continua preso num ciclo interminável de crises políticas caseiras, sem visão estratégica para o futuro. Como no filme Groundhog Day, onde Bill Murray revive o mesmo dia vezes sem conta, também por cá assistimos, eleição após eleição, às mesmas promessas, aos mesmos debates estéreis e à mesma incapacidade de reconhecer que o mundo mudou. E enquanto insistimos nesta repetição absurda, o tempo para agir escapa-nos.

O mundo vive um dos momentos mais críticos desde o final da Guerra Fria. A invasão da Ucrânia pela Rússia não foi apenas um ataque a um país soberano, mas um teste à determinação do Ocidente. A Europa, durante décadas acomodada sob o guarda-chuva da NATO e da protecção americana, vê-se agora forçada a encarar uma realidade desconfortável: a sua própria segurança depende de si mesma. As palavras de Emmanuel Macron de que a Europa deve estar preparada para defender a Ucrânia, mesmo sem os Estados Unidos, não são uma bravata diplomática, mas um alerta existencial.

Donald Trump, que regressou à Casa Branca com uma visão isolacionista reforçada, já deixou claro que os europeus terão de se defender sozinhos. A sua administração suspendeu a ajuda militar e de inteligência à Ucrânia, e os seus discursos sugerem um distanciamento crescente dos compromissos de segurança transatlânticos. A Europa, que durante décadas viveu na ilusão de que poderia continuar a reduzir os seus orçamentos militares e confiar no apoio americano, agora corre contra o tempo para rearmar-se. A Comissão Europeia já lançou o programa “ReArm Europe”, prevendo 800 mil milhões de euros para modernizar a defesa do........

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