Guerras culturais
Neste meio século, marcado pelo golpe militar de Abril de 1974, pela deriva radical que se lhe seguiu, pela consequente hegemonia do pensamento de esquerda, mesmo entre os partidos à direita do PS, e por uma cultura instalada em que a informação supera de longe a formação, procurar trazer alguma racionalidade e contextualização, por básica que seja, ao inflamado debate político sobre Esquerda e Direita é uma pretensão irrealista. Mas talvez valha o esforço.
A deriva esquerdista em Portugal teve como principais consequências, na Metrópole, as nacionalizações e colectivizações; e, no “Ultramar”, uma descolonização descontrolada (ou habilmente controlada por alguns) que deixou os então territórios ultramarinos entregues a longas e sangrentas guerras civis em Angola e Moçambique. Timor na Insulíndia teve destino semelhante. Dos outros, a Guiné, que estava na raiz do problema, foi para o partido único PAIGC; Cabo Verde seguiu-lhe a sorte e São Tomé e Príncipe também. A confuciana sabedoria, ou o sentido de Estado e de História, levaram os nacionais-comunistas chineses a começar por Hong-Kong o resgate dos seus territórios ao Ocidente, o que nos permitiu, anos mais tarde, fazer em Macau uma transição e descolonização........
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