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União das direitas? Je t’aime, moi non plus

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12.06.2025

Eis que as eleições legislativas de 2025 parecem ter posto fim ao domínio da esquerda em Portugal. Nos últimos 30 anos, desde Outubro de 1995 — quando o PS, então liderado pelo Dr. António Guterres, venceu as eleições legislativas — o Partido Socialista esteve no poder durante quase 22 anos, enquanto o PSD governou cerca de 8 anos (e alguns meses).

Durante esse longo período de governação, o PS foi responsável, em primeiro lugar, por uma intervenção da União Europeia em 2002 (o Procedimento por Défices Excessivos). Mais tarde, mergulhou a economia portuguesa numa crise que culminou num pedido de resgate financeiro em 2011 — tendo o PS sido obrigado a assinar um Memorando de Entendimento com o FMI. Convém recordar — e aproveito para o fazer sempre que surge a oportunidade — que foi o Partido Socialista quem trouxe a Troika para Portugal, na sequência de políticas económicas deveras contestáveis. Foram os socialistas que assinaram o Memorando. Ou seja, Pedro Passos Coelho limitou-se a executar aquilo que já estava acordado. Não teve alternativa. O mínimo que se pode dizer, olhando hoje com algum distanciamento, mais de uma década após a sua saída do poder, é que geriu a situação como podia (e não podia muito), tirando o país de uma conjuntura extremamente difícil.

Para além da economia, o PS revelou-se desastroso noutras áreas. Implementou experiências pedagógicas no sector da educação que conduziram ao estado actual das escolas: uma parte significativa dos alunos é analfabeta funcional — sabe ler, mas não compreende o que lê. Foi também o PS que, ao abolir a chamada “lei do sangue” em 2006, deu um golpe na nossa identidade. E foi o PS o grande responsável por uma política de fronteiras abertas desde 2015 levando à entrada de mais de um milhão de imigrantes em menos de 10 anos, fora os que já viviam cá (cerca de 15% da população é estrangeira ou de origem estrangeira em Portugal), muitos deles oriundos de países do chamado terceiro mundo, com culturas, hábitos, costumes e crenças profundamente diferentes da cultura portuguesa e da nossa religião histórica: o Cristianismo católico.

Com este historial preocupante, haverá realmente quem se tenha surpreendido com a pesada derrota da esquerda nas eleições de 18 de Maio e com a consequente vitória da direita?

Porém, o que nos devia interessar é a vitória da direita. A direita venceu as eleições, sim, mas… será que alcançou realmente o poder de mudar as coisas? Sim e não. Sim, porque teoricamente a direita tem mais de 2/3 dos deputados, o que lhe permite mudar a Constituição (e a sua visão socialista poeirenta). Não, porque para isso acontecer seria preciso o PSD aliar-se ao Chega, convidando-o para uma coligação governamental, o que pelos vistos não vai acontecer. Nem sequer para escolher um vice da AR que venha do Chega (neste caso, o Sr. Diogo Pacheco de Amorim) a direita consegue chegar a acordos.

Como sempre, a chamada “união das direitas” é uma miragem. A esquerda consegue unir-se quando é preciso, a direita não. O PS do Sr. António Costa teve a ajuda – e aceitou-a de bom grado – da extrema-esquerda do PC e do BE. O PSD prefere dizer que “não é não” ao Chega.

E não é só em Portugal! Em Espanha os conservadores e o Vox também têm dificuldades em aliar-se; pelo contrário os socialistas espanhóis não têm dificuldades em aliar-se a comunistas e trotskistas do Podemos, nem a independentistas esquerdistas catalães (que haviam cometido graves ilegalidades). Em França os socialistas (moribundos) aceitaram aliar-se a comunistas e a islamo-esquerdistas, a La France Insoumise, para as legislativas de 2024. Pelo contrário, não só os conservadores franceses nada quiseram com a direita radical do RN (que de radical pouco tem hoje em dia), como houve membros do centro-direita, tal como um certo Xavier Bertrand, deputado dos Les Républicains, que apelou ao voto no PCF (comunistas franceses) contra o RN. Um deputado da direita que apela ao seu eleitorado para votarem em comunistas em vez de nacionalistas? Surreal? Não… É o que chamamos em França........

© Observador