Imigração: veja ao vivo e em direto como se cria um problema
Ia a semana a meio quando se soube que 31 dos 38 marroquinos que desembarcaram no Algarve de barco pediram asilo. Ou seja, quando, na sequência da decisão a 9 de Agosto do Tribunal de Silves, estava a chegar ao fim o período de 20 dias para este grupo de imigrantes deixar voluntariamente Portugal, eis que temos uma passagem de imigrantes a requerentes de asilo. E se tivermos em conta que do grupo fazem parte sete menores, nomeadamente três crianças com idades entre 1 e dez anos, é de presumir que todos os adultos e os jovens pediram asilo.
É precisamente aqui, à confusão entre imigração e asilo, que vão dar muitos dos problemas com aquilo a que chamamos imigração. Uma confusão que se agravou há precisamente dez anos: a 30 de Agosto de 2015, Angela Merkel, então chanceler alemã, abriu as fronteiras do seu país a centenas de milhar de sírios. (As decisões tomadas diretamente pelos governantes alemães ou com o seu aval nesse ano de 2015 merecem estudo e não apenas dos historiadores, pois pautam-se por uma falta de ponderação que assombra: em Junho desse ano foi formalizado o acordo para construir o Nord Stream 2 que tornou a Europa ainda mais dependente do gás russo, acordo em que empresas alemãs tiveram um papel crucial e que foi e ainda é defendido por Merkel)
Mas voltemos à imigração síria em 2015. Estando a Síria então em guerra, era óbvio que à Europa chegariam refugiados sírios, mas a falta de senso da chanceler Merkel ao declarar um acolhimento sem restrições levou, não só a uma vaga de dimensão muito superior, como contribuiu decisivamente para que se deixasse de distinguir entre refugiados e imigrantes, com consequências negativas para todos, a começar pelos imigrantes que passaram a ser vistos como vivendo de apoios. E também negativas para os verdadeiros refugiados, para os quais as populações europeias perderam a anterior simpatia. E por fim negativas para as populações europeias que, em alguns países, se vêem a braços com as consequências desta interpretação alargada do estatuto de requerente de asilo.
Basta seguir o que está a........
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