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A História como arma de arremesso político

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23.06.2025

É verdade que já passaram uns bons dias desde o feriado do último 10 de Junho e dos discursos polémicos que então foram proferidos nas cerimónias oficiais que se pretendiam de celebração desse feriado nacional, supostamente de comemoração de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Em todo o caso, por já terem de facto passados alguns dias e, agora, portanto, com a calma e ponderação que a distância, normalmente, confere ao espírito, escrevo a presente reflexão.

De facto, não vou hoje aqui falar sobre as particularidades do discurso feito, p. ex., por Lídia Jorge que tanta celeuma gerou. Isso já oportunamente foi feito e penso que, no essencial, com propriedade. O discurso foi lamentável a todos os títulos, mas não deixa de trazer à baila a tese wokista que, claramente, lhe está subjacente e claro desejo de alterar a narrativa histórica (por muito que Lídia Jorge tenha dito que não, tudo no seu discurso aponta em sentido contrário) e proceder, por via disso, ao tal «revisionismo histórico» que pretende transfigurar todo o entendimento que o povo Português (e já agora, do Ocidente como um todo) tem de si próprio para assim, segundo me parece, controlá-lo de forma conveniente e direcionada. A ideia é passarmos ter uma História de agressores e vítimas, sendo, naturalmente, os portugueses (e o Ocidente, em geral) como um dos «grandes vilões da História» que, por isso, terão de sofrer agora pelos seus grandes pecados do passado. Daí a tónica na questão esclavagista, porque, de forma natural, deixa as pessoas chocadas e com pouca reação. Não está em causa a sua ocorrência histórica, mas claramente o enquadramento que lhe é pretendido dar pelo wokismo e veiculado, diga-se o que se disser, notoriamente, pelo discurso de Lídia Jorge, está transviado e........

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