Dois Estados? O ódio sanguinário a Israel
1 No Ocidente, há mais de cinquenta anos que nascem, crescem e envelhecem gerações a ouvir (quase) todos os dias notícias sobre o conflito entre israelitas e palestinianos. Muitas outras guerras vieram e passaram, menos essa. O fenómeno, todavia, é muitíssimo mais vasto no tempo, uma vez que a questão judaica é parte integrante do inconsciente dos europeus desde a origem, depois contaminou os povos ocidentais deles derivados, em particular os norte-americanos. A semente do ódio e violência remonta à cisão no interior dos judeus da qual nasceu o cristianismo, isto é, Jesus Cristo era judeu e foi martirizado e crucificado pelos seus, e cristãos são os seus seguidores que o tempo tornou esmagadoramente maioritários. Endémica, a pulsão vingativa sanguinária do trauma original ciclicamente se reinventa para regressar à superfície.
2 Aconteceu mais de um milénio depois na Europa do Sul, entre os séculos XV-XVIII, através da inquisição. Depois de ir migrando para a Europa do Norte, voltou à superfície no século XX, entre 1933 e 1945, daí em diante fora do campo religioso, então na versão estatal ou laica do nazismo. Logo de seguida, em 1948, a fundação do Estado de Israel acabou por se ir tornando o chamariz que voltou a fazer migrar o mal, agora de regresso à casa de partida fora da Europa. A velha culpabilização e fustigação permanente dos judeus passou a ter latente a pulsão de aniquilamento do território........
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