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Sustentabilidade, greenlighting e os Açores

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04.03.2025

Olhe à sua volta e verá sustentabilidade por todo o lado – ou pelo menos é isso que os rótulos nos dizem. O seu expresso matinal afirma provir de fontes éticas, a sua mesa de jantar diz ser feita de madeira livre de desflorestação, e as mais variadas indústrias inteiras ostentam as mais variadas certificações verdes.

Num cenário de rápidas alterações climáticas e degradação ecológica, a sustentabilidade é a nossa única alternativa, e empresas e governos estão ávidos por provar as suas credenciais ambientais. Mas mais do que um imperativo social, a sustentabilidade tornou-se hoje numa poderosa ferramenta de marketing.

Certificações e rótulos ambientais vão além do ambientalismo: atraem investimentos, elevam reputações e posicionam economias na vanguarda global, numa era em que cada decisão empresarial e política é moldada por preocupações ambientais e climáticas – por muito que alguns não o queiram admitir. No entanto, enquanto estratégias seletivas ajudam a construir uma imagem ecológica, resolver desafios estruturais é outra questão, frequentemente secundarizada. Esse é o cerne do greenwashing, que pode manifestar-se de várias formas e diferentes níveis: Uma empresa pode anunciar neutralidade carbónica e, no entanto, subcontratar a produção de produtos de emissões elevadas a regiões com regulamentos menos rigorosos. Da mesma forma, é comum ver governos promoverem metas climáticas ambiciosas enquanto discretamente aprovam novos projetos de exploração fóssil. Mas outra forma mais subtil, é o chamado greenlighting, onde esforços de sustentabilidade concentrados em um único setor geram a ilusão de uma estratégia abrangente, mascarando a negligência de áreas prioritárias.

O sucesso de qualquer estratégia de sustentabilidade assenta numa abordagem holística e........

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