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O incrível poder do nada

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31.08.2025

Estamos perante uma das mais perversas ironias da nossa era. Numa sociedade que se declara mais livre, informada e céptica do que nunca, emerge uma nova casta de profetas: os gurus da autoajuda. Vendem a salvação, mas a troco de um preço, e em vez de sermões nas montanhas, oferecem palestras em palcos iluminados e palavras de ordem que, de tão ocas, parecem ecoar no vazio das nossas incertezas. Estes não são os filósofos que nos ensinam a pensar, mas sim os mercadores da felicidade que nos prometem a resposta para tudo, desde a falência emocional até à bancarrota financeira, numa sedutora, mas perigosa, simplificação da complexidade do viver.

Estes novos gurus da autoajuda, com as suas promessas de felicidade instantânea e sucesso garantido, emergem como parasitas emocionais, que se alimentam da desesperança e do anseio por uma vida perfeita. São os mercadores da ilusão, que vendem manuais de “felicidade” que mais se assemelham a receitas de bolo instantâneo, onde o principal ingrediente é a nossa conta bancária.

Através de livros, palestras e publicações nas redes sociais, estes pregadores da “solução para tudo” erguem um império sobre alicerces frágeis de frases feitas e pseudociência. Apresentam-se como portadores de uma sabedoria ancestral, quando na realidade não passam de meros repetidores de chavões vazios. A sua mensagem, à primeira vista, parece empoderadora:........

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